A história do Torneio CrossFit Brasil – Por Tiago Heck
Olá amantes da intensidade, a evolução das provas do Torneio CrossFit Brasil, desde seu aparecimento em 2010 até hoje, é algo que pode ser avaliado juntamente com o crescimento do CrossFit no país.
Lá traz, quando tinhamos menos que 10 boxes por aqui e poucos atletas, me lembro que o Joel buscou se inspirar no CrossFit Games de 2009, que foi realizado ainda no rancho em Arenas, California.
Pode se dizer que a essência do CrossFit estava em cada prova e em cada atleta que competiu aquele Games de 2009.
Estiveram presentes, naquele que seria o ultimo ano no famoso rancho, corridas na montanha, escada de força com pausa de 30 segundos apenas e primeiro muscle-up da vida. Tudo era novo!
Quando testamos as provas em 2010, nossos recursos eram um box de CrossFit, não muito grande por sinal, com um quarteirão cheio de descidas e subidas e os equipamentos básicos do nosso dia a dia – barras anilhas, medballs, etc.
Nada de trenó ou air bike para pegar todos desprevenidos no quesito “nunca usei isso”. Apenas as composições das provas e a criatividade em encaixar cada uma de forma diferente. Até porque os atletas, ainda inexperientes, tinham meses de CrossFit somente, mal sabiam p básico, eles eram apenas “sedentos” por competição!
Lembro que a primeira prova foi uma Cindy piorada, com peito na barra (novidade até então), onde lembro também que o atleta favorito, Felipe, que tinha os melhores tempos dos benchmarks, abriu a mão no “chest to bar” (nunca tinha feito) e se prejudicou logo no inicio do torneio!
E essa é a essência de que falo, a de pegar todos de surpresa, do inesperado, do que realmente define qual é o homem e a mulher que estão mais prontos pra qualquer coisa!
Já hoje, aja criatividade pra conseguir gerar o mesmo impacto nos atletas, principalmente no CrossFit Games.
Todos devem ter visto em 2015, a prancha de surf (tipo stand up) na primeira prova e a parede de escalada na final – o que foi bem contestada nessa edição. Analisando quantos atletas realmente conseguiram escalar aquilo, que foram poucos, o fator inesperado pode ter sido irreal para a proposta de um CrossFit Games.
Aqui no Torneio, parece que a natação finalmente entrou no cenário, e não vejo exagero e nem descompasso, pois sempre se falou de natação no CrossFit. É um grande esporte e faz parte da proposta de condicionamento fisico, não que a escalada não faça, na verdade, faz muito também, mas fugiu da realidade um pouco! Depende muito mais de detalhes técnicos para realiza-la do que uma capacidade física sendo testada, vocês me entendem?
Voltando ao torneio, em 2011, já tinhamos mais box de CrossFit no Brasil e atletas mais experientes! Mas o ambiente foi o mesmo, um box, no caso a CrossFit Brasil! Isso limita um pouco claro, mas ainda eram poucos os participantes, poucos mas importantes hoje no cenário nacional, veja só os que estavam lá: Lupa (que venceu em 2011), Luiz Mello e Leo da CrossFit BH, a super Anita (que venceu também) e Vivi da CrossFit Jundiaí e muitos outros atletas que hoje estão em destaque! Sem esquecer do Tiago Lopes da CrossFit SP, que venceu em 2010 mas não foi pra essa etapa em 2011!
Sem contar os que foram lá torcer e assistir e que hoje são head coachs e tem seu próprio box! Lembro que no intervalo da competição teve um campeonato de levantamento terra (deadlift) e eu participei, mesmo estando na organização, afinal era tudo uma festa, sem uma cobrança tão grande como é hoje! Até bati meu recorde lá e levei o título, olha só!
Em 2012, a coisa ficou mais séria e foi parar no Ginásio poliesportivo de Barueri, onde é até hoje! Essa historia parece exatamente com a do CrossFit Games, nas suas devidas proporções!
E tudo foi maior este ano de 2012, a estrutura, o numero de atletas e de organizadores!
Sinceramente preferia ter competido do que organizado! Foi o torneio mais complicado que já teve, eramos todos amadores no quesito grandes eventos – fazendo um comparativo, seria igual no inicio da pratica do CrossFit, quando estamos aprendendo a levantar peso e colocamos carga demais e o movimento sai todo errado, sabe?
Pois foi o que aconteceu, de 2011 para 2012 o passo foi grande demais, e quase deu tudo errado, teve até prova cancelada por causa da falta de tempo hábil, mas no final acabou tudo bem e nesse ano conhecemos o principal campeão do TCFB até hoje, o grande Chiquinho!
Em 2013 me classifiquei e resolvi competir! Bem
melhor que organizar, mil vezes melhor na verdade! E foi incrível a experiência, estar lá dentro realizando as provas é outra história.
Em 2013, deu tudo certo na organização do evento e a coisa ficou muito mais profissional e esse foi o ano que o Torneio CrossFit Brasil se tornou um grande evento! Provas com o fator surpresa como puxar trenó e uma escada de clean and jerk e snatch no mesmo minuto, pegaram a galera desprevenida, como deve ser uma competição deste nível!
Foi em 2013 também
que o Denis, fundador da recente Revista CF, me procurou e me chamou para ser colunista dele. Acreditei nele e aqui estamos!
Finalmente em 2014, já não se tinham mais duvidas que seria um grande evento. Antes de tudo, aconteceram pela primeira vez, as seletivas pelo Brasil inteiro. Já no dia, o publico lotou o evento, as provas foram de alto nível de dificuldade e os melhores atletas do país estavam presentes! Tivemos a Assault Air Bike como a grande surpresa, algo que a maioria dos atletas nunca tinham nem ouvido falar. E o mais legal foi que em 2015, um ano depois, a air bike foi uma das surpresas na final do CrossFit Games! Ou seja, não estamos tão desatualizados assim, muito pelo contrario!
E vamos torcer que o CrossFit no país continue evoluindo, que apareçam mais e mais atletas, que o Torneio continue sendo referencia de um evento bem organizado e que os outros eventos tenham em sua organização profissionalismo e ética! Só assim evoluímos todos juntos!
Texto: Tiago Heck, o primeiro coach do Brasil – hoje sócio da CrossFit Sampa
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